Por muitos séculos se acreditou que havia duas espécies de elefantes: elefantes africanos (Loxodonta Africana) e elefantes asiáticos (Elephas Maximus)
Por muitos séculos se acreditou que havia duas espécies de elefantes: elefantes africanos (Loxodonta Africana) e elefantes asiáticos (Elephas Maximus)
No entanto, em 2001, dados científicos identificaram que os elefantes africanos são, na realidade, duas espécies diferentes: o africano da savana (Loxodonta Africana) e o africano da floresta (Loxodonta cyclotis), O elefante africano da floresta é mais magro, ligeiramente menor e mais reto, tem presas menores e suas orelhas são mais arredondadas. Os elefantes africanos da savana são encontrados em zonas de savana em 37 países ao sul do deserto do Sahara.
Os elefantes africanos das florestas vivem nas florestas tropicais fechadas da África ocidental e central.
O elefante asiático tem quatro subespécies: a do Sri Lanka, a da Índia, a de Sumatra e a da Malásia. Cada uma dessas subespécies têm características ligeiramente diferentes. Muitas são difíceis de distinguir. Os elefantes do Sri Lanka tendem a ser mais magros com orelhas maiores, e muitos deles não tem presas. Os indianos têm a pele mais clara, os de Sumatra são um pouco mais encorpados e os da Malásia de estatura um pouco menor. Há relatos de elefantes anões em Borneo, mas pouco se sabe deles devido à floresta densa e às regiões inacessíveis em que vivem. Os elefantes de Burma não são classificados como uma subespécie, mas tendem a ter muito mais pêlo e pele mais escura.
A ordem taxonômica dos elefantes, proboscidea, tem somente 3 membros hoje, mas tinha mais de quarenta. A maioria deles proliferaram até o final do último período glacial, 12.500 anos atrás. Essas criaturas eram geralmente similares aos elefantes asiáticos em tamanho, apesar de que havia pequenos elefantes anões e o humongous deinotherium, com 4.5 metros de altura e pesando 14 toneladas.
Dentro da proboscidea, a família de mastodontes mammutidae é formada pelos elefantes modernos e pelos muito famosos mamutes. Os mamutes parecem muito com os elefantes asiáticos, enquanto os mastodontes se parecem com os africanos. Os mamutes tinham presas curvadas e longas e muito mais pêlo do que os elefantes asiáticos modernos.
O último mamute a se tornar extinto foi o mamute lanoso, cujos números diminuíram à medida que o clima aqueceu e finalmente foi extinto devido à caça na Europa, Ásia e nas Américas 12.000 anos atrás. Algumas espécies isoladas de elefantes persistiram até 4000 anos atrás. O hyrax das rochas é o parente vivo mais próximo dos elefantes. Parentes mais distantes incluem os rinocerontes e os peixes-boi.
Comunicação é vital para os elefantes, que dependem da rede social para sobrevivência. Apesar de os elefantes produzirem uma ampla gama de sons (10 oitavos), eles se comunicam principalmente através de sons de baixa frequência chamados “rumbling” (um som profundo e ressonante contínuo como um trovão distante). De fato, elefantes podem produzir e perceber sons um ou dois oitavos abaixo do limite de audição humana.
Como sons de baixa frequência se deslocam por distâncias maiores do que os de alta frequência, sua gama de comunicação é bastante extensa. Além disso, os elefantes têm a habilidade de julgar a distância de outro elefante baseado no tom de sua chamada. À medida que o som se desloca, os tons mais altos desaparecem progressivamente, deixando os tons baixos.
Ouça exemplos de elefantes asiáticos se comunicando:
Descobertas recentes mostram que os elefantes podem se comunicar por grandes distâncias produzindo ruídos subsônicos que se deslocam através do solo mais rapidamente do que som pelo ar. Outros elefantes recebem as mensagens através da pele sensível de suas patas e trombas. Acredita-se que é assim que parceiros em potencial e grupos sociais se comunicam.
Os elefantes são os únicos animais que têm uma glândula temporal. Quando essa glândula fica ativa, o elefante começa um comportamento conhecido como “musth”. Em linguagens do norte da Índia, musth (palavra de origem persa) significa um estado de bebedeira, hilaridade, êxtase, desejo ou luxúria. Musth é uma condição exclusiva dos elefantes, que ainda não foi cientificamente explicada. Afeta elefantes machos sexualmente maduros, geralmente entre 20 e 50 anos. Ocorre anualmente, e dura entre 2-3 semanas no habitat natural, geralmente durante a estação quente. Durante esse período, o elefante fica altamente agitado, agressivo, e pode se tornar perigoso. Até animais normalmente calmos podem matar pessoas e outros elefantes quando estão sob a influência de musth. Geralmente dura 4 a 6 semanas em cativeiro, mas pode durar até 2 meses.
As razões para essa ocorrência não são completamente compreendidas. O animal fica sexualmente agitado, mas musth não é considerado de natureza exclusivamente sexual. Elefantes acasalam fora do período de musth e não é o mesmo que o cio comum em alguns outros mamíferos. Durante o período de musth, uma secreção oleosa com cheiro forte flui de uma glândula acima do olho e os elefantes também gotejam urina constantemente.
A secreção da glândula temporal pode fluir bastante e escorrer pelo rosto do elefante pingando até seu queixo. Tudo muda num elefante durante musth: a maneira em que anda, sua interação com outros elefantes, o grau de agressividade, e, como mencionado, o odor que exalam. Em raras circunstâncias, se dois elefantes machos em musth se encontram, a luta resultante pode se transformar numa luta mortal. É difícil descrever a seriedade com que musth pode afetar a disposição normal de um elefante. Elefantes em cativeiro passando por musth normalmente são mantidos acorrentados ou isolados e tratados a distância até que a tormenta acabe, e eles voltem ao seu comportamento normal.
Historicamente, elefantes machos em cativeiro no período do musth ficam acorrentados pelas quatro pernas, com correntes de suas presas até suas patas, e de presa a presa na frente de suas trombas para evitar que ataquem seus treinadores com suas cabeças e trombas. A partir de 45-50 anos, o musth diminui gradualmente, eventualmente desaparecendo. Em casos muito excepcionais, um tipo de musth foi registrado em fêmeas, mas pouco se sabe sobre a razão disso acontecer.
Os dois sexos ficam sexualmente maduros a partir de 9 anos, mas os machos geralmente só iniciam a atividade sexual aos 14-15 anos, e mesmo então eles não são capazes de ter a dominância social necessária para uma atividade reprodutiva bem sucedida. Geralmente há uma competição entre machos por fêmeas que estejam no cio. Se houver um macho em musth perto de fêmeas no cio, os machos que não estão em musth geralmente se afastam da competição.
O nível de testosterona no macho em musth cria um grau de raiva, agressão e força incomparáveis. Frequentemente mais de um macho fica perto da área de uma fêmea que está pronta para reproduzir, e o macho mais dominante é o que ela aceita para a reprodução. Isso pode ser decidido pacificamente, especialmente se a diferença de tamanho e força for óbvia. No entanto, algumas vezes os elefantes lutam pela oportunidade de cruzar com a fêmea.
Recentemente, a maioria das gestações nos zoológicos aconteceram através de inseminação artificial. Esse é um procedimento invasivo para o qual as elefantas precisam ser treinadas. A elefanta precisa ficar de pé e imóvel por longos períodos com um mínimo de movimento, algumas vezes necessitando do uso de correntes. Uma mangueira longa e flexível, que tem quase um metro de comprimento, é inserida no canal reprodutor da elefanta, e em seguida o esperma é bombeado através da mangueira.
As fêmeas só estão férteis alguns dias por ano, normalmente 2-3 dias a cada 14-16 semanas. Amostras de sangue são colhidas repetidamente para monitorar os níveis de hormônios, para identificar com exatidão o momento para proceder com uma inseminação artificial. O recorde de tentativas de inseminação artificial foi uma elefanta que passou pelo procedimento 91 vezes num período de 4 anos.
Abortos, filhotes prematuros e natimortos de gestações resultantes de inseminação artificial chegam a aproximadamente 54%. Entre as 27 gestações resultantes de inseminação artificial desde 1999, foi documentado que oito resultaram em abortos ou filhotes natimortos; Seis dos filhotes morreram devido a alguma doença, incluindo herpes (The Seattle Times).
A taxa de mortalidade infantil para elefantes em zoológicos é quase o triplo da taxa que acontece no habitat natural. A média da mortalidade infantil para elefantes em zoológicos é de 40%. Há muitas causas atrás dessa estatística. Uma delas é um vírus de herpes conhecido como EEHV, uma doença que é muito mortal em elefantes abaixo de 10 anos. Esse vírus, que se alastra por contato, pode ficar dormente durante muitos anos, e depois se movimenta tão rapidamente que pode destruir os órgãos internos em horas. Os pesquisadores ainda não conseguiram desenvolver um teste para detectar o vírus no estágio dormente. Uma teoria é que o vírus dormente pode estar presente nos corpos dos elefantes. Quando é ativado, ele pode se alastrar por contato ou ser passado da mãe para o filhote durante a gravidez. Esse problema é intensificado ainda mais por elefantes que circulam no país para tentar gerar filhotes muito desejados. A doença já foi registrada em mais de doze zoológicos em todo o país em 2012.
Esse link (em inglês) contém uma breve descrição e vídeo que define algumas das duras realidades dos programas de reprodução de elefantes em cativeiro.
Outras causas de mortes de filhotes de elefantes podem ser relacionadas a razões psicológicas. Elefantes em cativeiro não são cercados por uma manada solidária, participativa, cuidadosa, que instintivamente ajuda a criar um jovem e transmitir seu conhecimento e experiências através de gerações. Algumas elefantas não sabem como ser mães, e já houve casos de mães matarem seus próprios filhotes, um comportamento que nunca foi reportado no seu habitat natural.
Como resultado, algumas instituições acorrentam as mães durante o parto, para garantir a segurança do filhote, e monitoram suas interações de perto. Os filhotes às vezes são separados de suas mães e suplementados com mamadeiras quando a mãe ou o bebê resiste à amamentação. Frequentemente as fêmeas em cativeiro reproduzem muito mais cedo que iriam no seu habitat natural. Isso pode comprometer a saúde da mãe e do filhote, assim como pode causar complicações com a maneira em que a jovem mãe cuida de seu filhote.
Os elefantes são uns dos animais mais inteligentes do planeta. Seus cérebros pesam 5 kg, muito mais do que o cérebro de qualquer outro animal terrestre. Seus cérebros têm dobras muito mais complexas do que todos os outros animais, com exceção das baleias, o que é considerado como o maior fator do seu intelecto.
Eles comumente demonstram tristeza, humor, compaixão, cooperação, autoconhecimento, uso de ferramentas, capacidade de brincar, e habilidades de aprendizado excelentes. Um elefante na Coréia surpreendeu seus tratadores no zoológico ao aprender, independentemente, a imitar seus comandos, verbalizando com a extremidade de sua tromba, aprendendo 8 palavras e seu contexto.
Os elefantes têm um hipocampo (uma região do cérebro responsável por emoções e consciência espacial) mais desenvolvido do que qualquer outro animal, e estudos indicam que são superiores a humanos em acompanhar múltiplos objetos num espaço 3D.
Há muitos relatórios de elefantes demonstrando altruísmo em relação a outras espécies, como resgate de cães presos, mesmo quando isso lhes causa grande desconforto.
Eles respeitam seus mortos e têm rituais de morte. Há histórias de manadas de elefantes que foram mortos por humanos recuperarem seus ossos que foram roubados e os retornarem ao local de sua morte para enterrá-los. Há também informes de elefantes que vingaram a morte de um companheiro de manada indo até ao vilarejo do indivíduo responsável pela morte e ferindo somente ele.
Além da sua habilidade de aprender através de observação e mímica, elefantes em cativeiro aprendem facilmente a abrir cadeados simples e muitos conseguem se aperfeiçoar em outros bem mais complexos, algo impossível para a maioria de outros animais, devido à falta de desteridade e intelecto.
Elefantes de trabalho na Ásia usam sinos que ajudam seus tratadores a localizá-los de noite. Em alguns casos, os elefantes encheram seus sinos com lama, silenciando seus movimentos, o que permite que eles entrem nas plantações de arroz, milho e cana de açúcar.
O número estimado de elefantes em seu habitat natural é entre 25.600 e 32.750 elefantes asiáticos, 250.000-350.000 elefantes das savanas e 50.000-140.000 elefantes das florestas. Os números de estudos diferentes variam, mas o resultado ainda é o mesmo: os elefantes estão desaparecendo do seu habitat natural. Um estudo afirma que a população de elefantes africanos caiu 50%, de 1.3 milhões para 600.000 entre 1979 e 1989, devido à caça ilegal. Aproximadamente 8 elefantes (70.000/ano) foram caçados ilegalmente durante esse período, até à proibição de Marfim da CITES em 1989.
Outro estudo publicado por 60 cientistas na revista PLOS One, que conduziu o maior estudo já realizado na floresta central africana, onde elefantes estão sendo dizimados, revelou que 62% dos elefantes das florestas desapareceram da África central entre 2002 e 2011. A situação dos elefantes asiáticos não está muito melhor. É estimado que a população tenha caído pelo menos 50% durante os últimos 60-75 anos.
Apesar de elefantes africanos serem mais discutidos em relação ao declínio da população e caça ilegal, os elefantes da Ásia também estão travando uma luta pela sua sobrevivência. Eles foram classificados como ameaçados pela IUCN (União Internacional pela Conservação da Natureza). Sua população caiu significativamente durante as últimas gerações devido à perda de habitat, degradação e fragmentação. Elefantes asiáticos também são vítimas de caça ilegal. Além disso, muitos são mortos quando entram em contato com as populações humanas locais.
O crescimento contínuo da população humana na Ásia tropical está invadindo a floresta densa que é o habitat dos elefantes. Cerca de 20% da população humana do mundo vive dentro ou perto da área dos elefantes asiáticos. Essa competição ferrenha por espaço resultou em sofrimento para os humanos, e uma perda dramática da cobertura de floresta. Devido ao crescimento rápido das populações humanas, o habitat dos elefantes asiáticos está encolhendo rapidamente e as populações de elefantes selvagens são, na sua maioria, pequenas, isoladas, incapazes de se misturar, já que as rotas migratórias antigas foram cortadas por assentamentos humanos. Grandes projetos de desenvolvimento, como represas, estradas, minas, complexos industriais, plantações e assentamentos humanos fragmentaram o que era antigamente um habitat contíguo dos elefantes. Esses grupos fragmentados são formados por menos de 10 populações contendo mais de 1.000 indivíduos numa área contígua, diminuindo grandemente suas chances de sobrevivência.
A maioria das reservas e parques nacionais onde aparecem os elefantes são muito pequenos para acomodar populações viáveis de elefantes. A conversão de áreas de florestas para uso agrícola também leva a sérios conflitos entre elefantes e humanos. Na Índia, até 300 pessoas são mortas por elefantes todos os anos. Incidentes com elefantes invadindo plantações e vilas estão aumentando.
Retaliações por humanos frequentemente resultam na morte desses elefantes. Especialistas já consideram esse confronto como a causa principal de mortes de elefantes na Ásia. Em alguns países, o governo oferece compensação por danos às plantações ou mortes causadas por elefantes, mas ainda há uma forte pressão política sobre as autoridades responsáveis pela vida selvagem para remover os elefantes de perto de regiões com população humana. À medida que as populações humanas crescem, os conflitos entre elefantes e humanos também vão crescer.
Muitas técnicas são usadas em toda a África e Ásia para tentar minimizar o conflito entre elefantes e humanos, mas não são muito eficazes, pois os elefantes são muito inteligentes e aprendem rapidamente como lidar com coisas como fogueiras acesas, o som de tambores, fogos de artifício e até cercas elétricas.
Outros métodos de gerenciamento incluem a criação de parques nacionais e corredores transfronteiriços maiores, melhora da gerência dos parques, preparação zonas de proteção com plantações desagradáveis (ex.: chilli, chá ou tabaco), melhor planejamento do uso da terra e a promoção de atividades econômicas que não prejudiquem os elefantes, esquemas de compensação, translocações dos elefantes e a altamente controversa e eticamente inaceitável matança.
A EAL (Liga de Ação para Elefantes) está atualmente apoiando um projeto de mitigação de HEC (conflito Elefante-Humano) na área de Niassa (Moçambique), dirigido pela Doutora Lucy King e baseado em cercas de colméias. A pesquisa, que iniciou alguns anos atrás, explora o uso de populações de abelhas em simples colmeias de madeira como um obstáculo para os elefantes e como um reforço para as comunidades economicamente pobres através da colheita sustentável do mel.
Os elefantes têm uma pele grossa, mas as abelhas podem picá-los em áreas sensíveis, como em volta dos olhos e dentro das trombas. Essa solução elegante e ecológica ajuda a reduzir o conflito entre elefantes e humanos e fornece aos fazendeiros mel para vender.
A caça ilegal de elefantes asiáticos para obter marfim e carne continua sendo um problema sério em muitos países, especialmente na Índia do sul, onde 90% dos elefantes machos têm presas, e no noroeste da Índia, onde algumas pessoas comem carne de elefantes. A partir de 1995-1996, a caça ilegal de elefantes asiáticos aumentou grandemente. O comércio ilegal de elefantes vivos, marfim e carne através da fronteira entre Tailândia e Myanmar também se tornou um sério problema de conservação. Um relatório de tráfico de 1997 indicou que 7 anos após o comércio internacional de marfim ser proibido, o comércio ilegal continuou no extremo oriente, com a Coréia do Sul e Taiwan como mercados principais. Uma quantidade significativa de machos adultos asiáticos não têm presas, e a percentagem de machos com presas de marfim varia por região (possivelmente refletindo a intensidade da procura por marfim no passado), de apenas 5% no Sri Lanka até 90% na Índia do sul.
Apesar da caça ilegal ser um problema para os elefantes asiáticos, a maioria do marfim ilegal parece vir de elefantes africanos. Elefantes africanos também sofrem com a invasão de suas terras e com os conflitos com os humanos, mas a principal causa do declínio da população é a caça ilegal por marfim. Recentemente, uma demanda crescente por marfim, principalmente da Ásia (China é o maior mercado de marfim), levou a um aumento na caça ilegal. O elefante africano foi classificado como ameaçado dentro do Ato de Espécies Ameaçadas, mas não foi classificado como ameaçado de extinção.
Os elefantes africanos têm um papel vital na manutenção ecológica de seus habitats naturais. Eles ingerem plantas e frutas, caminham por quilômetros, e excretam as sementes em férteis montes de esterco. Dessa maneira, novas plantas crescem em áreas diferentes e fazem uma fertilização cruzada. De fato, 90 espécies diferentes de árvores dependem dos elefantes para propagação. Elefantes africanos também cavam buracos que expõem mananciais subterrâneos. Isso permite que animais menores tenham acesso a água em períodos de seca. A perda da espécie terá efeitos sérios em suas terras nativas.
Em sites monitorados através do programa liderado pela CITES (Convenção sobre Comércio Internacional de Espécies em Extinção) de Monitoramento de Matança Ilegal de Elefantes, que inclui aproximadamente 40% da população total de elefantes na África, estima-se que 17.000 elefantes foram mortos ilegalmente em 2011. Dados iniciais de 2012 mostram que a situação não melhorou. No entanto, os números podem ser muito maiores. Apreensões de marfim em alta escala (carregamentos de mais de 800 kg destinados para a Ásia) mais do que dobraram desde 2009 e chegaram a um número recorde em 2011.
A caça ilegal está se espalhando principalmente devido a um governo fraco e à demanda crescente por marfim nas economias crescentes da Ásia, particularmente da China, que é o principal mercado do mundo. Durante os últimos 10 anos, a população de elefantes declinou 62% e a terra habitada por elefantes caiu 30%. Áreas sem guardas, próximas de estradas, e em países com altos níveis de corrupção tiveram o maior declínio da população de elefantes.
Apesar de ser uma ameaça menor, há também a caça por troféus: indivíduos que viajam para a África para matar um dos 5 grandes (leão, leopardo, rinoceronte, elefante e búfalo), para poder tirar uma foto ao lado do corpo, ou, se pagam dinheiro suficiente a alguém, ter um troféu ou pele para trazer para casa. Apesar de que isso tem um efeito menor na população de elefantes, trás a noção de que esses animais existem somente para nós.
A longevidade dos elefantes no seu habitat natural comparada com a dos em cativeiro é um assunto altamente discutido. A National Geographic publicou um artigo em 2008, citando um estudo feito por cientistas britânicos e canadenses em 2002. Eles fizeram um estudo de 6 anos, analisando dados de mais de 4.500 elefantes africanos e asiáticos selvagens e em cativeiro. Os dados incluíam elefantes em zoos europeus (que abrigam cerca de metade dos elefantes em cativeiro do mundo), populações protegidas no Amboseli National Park no Quênia, e Myanmar Timber Enterprise em Myanmar (uma operação de desmatamento do governo onde elefantes asiáticos trabalham).
Somente as taxas de sobrevivência das elefantas foram analisadas devido à sua importância para populações futuras. Sua conclusão foi que para elefantes africanos, a média da expectativa de vida é de 17 anos para fêmeas nascidas em zoológicos, comparada com 56 anos na população do Amboseli National Park. Para elefantes asiáticos, as fêmeas vivem somente 19 anos em zoos, contra os elefantes de Myanmar que vivem na média até 42 anos. A equipe também descobriu que elefantes asiáticos que nasceram e foram criados em cativeiro morrem mais cedo do que os que foram levados de seus habitats naturais para o os zoos. Em 2004, Robert Wiese, diretor do San Diego Zoo na Califórnia, foi co-autor de um trabalho que mostrou que elefantes de zoológicos vivem o mesmo tempo que os que vivem em seus habitats naturais, contradizendo diretamente os números encontrados por análises científicas independentes.
O que sabemos com certeza é que, em geral, a vida em cativeiro não oferece aos elefantes nem uma fração do que eles teriam em seus habitats naturais, e o que eles precisam para serem saudáveis mental e fisicamente. Os elefantes são animais altamente sociais, e o estresse do cativeiro frequentemente tem uma taxa de sobrevivência mais curta.
Em seu habitat natural, os elefantes se movimentam constantemente, migrando até 16 km por dia, e estão em atividade 18 horas por dia. A falta de espaço dos zoos cria problemas de saúde para os elefantes, como doenças musculares e ósseas, artrite, doenças de patas e articulações, tuberculose, problemas reprodutivos, altas taxas de mortalidade de filhotes, obesidade e angústia psicológica. Problemas de saúde causados pelo cativeiro são a principal causa de morte dos elefantes em zoos. Falta de exercício e longas horas de pé em superfícies duras contribuem para infecções das patas e artrite, as causas principais de morte entre elefantes em cativeiro.
Muitos zoos estão investindo milhões de dólares para aumentar ligeiramente o espaço de seus elefantes em exibição, mas elefantes em cativeiro não precisam de alguns metros adicionais, nem mesmo alguns acres. Eles precisam de muitos quilômetros quadrados. Há alguns zoológicos que estão tentando melhorar as vidas de seus elefantes implementando treinamento de reforço positivo, maneiras diferentes para eles pastarem, e programas de exercícios, mas é difícil atingir o nível de estimulação verdadeiramente necessário para seu bem estar.
Devido a limites de espaço nos zoos, por mais bem intencionados que sejam, eles simplesmente não podem fornecer as mais básicas necessidades físicas e sociais: quilômetros para andar, uma variedade de alimentos naturais, e um grupo familiar complexo. Até 1991, 14 zoos nos Estados Unidos ou fecharam suas exibições ou anunciaram que pretendiam fechá-las, citando uma inabilidade de fornecer boas práticas zootécnicas.
Recentemente, ainda mais zoos encerraram suas exibições de elefantes: o Jackson Zoological Park realocou seus elefantes para o Nashville Zoo em 2010; o Brookfield Zoo fechou sua exibição em 2010; o Central Florida Zoo and Botanical Gardens fechou sua exibição em 2011; BREC’s Baton Rouge Zoo realocou seus elefantes para o Smithsonian’s National Zoo em 2013; e o Toronto Zoo realocou seus elefantes para o santuário PAWS em 2013 com a ajuda do nosso co-fundador Scott Blais.
Elefantes de circo enfrentam os mesmos problemas emocionais e físicos que os elefantes de zoos, além de uma lista de lutas adicionais. Elefantes de circos vivem uma vida sendo carregados em caminhões e trens, levados de uma cidade para outra, em nome do “entretenimento”. Esses modos de transporte normalmente não são aquecidos ou refrigerados, portanto os elefantes são expostos à temperatura da cidade na qual estão. Eles ficam confinados nesses espaços pequenos e escuros durante horas e, algumas vezes, dias. Eles são, então, descarregados e mantidos numa área aproximadamente do tamanho de uma sala de estar. Se tiverem sorte, eles esperam lá até a hora de se apresentar, enquanto outros são levados para uma área onde andam em círculos, com várias pessoas nas suas costas, por horas e horas. Eles se apresentam para a multidão, por cinco minutos, e depois o ciclo começa novamente.
A parte mais cruel da sua realidade é o que é necessário para um elefante aprender truques para sua apresentação e o que exige de seu corpo e psique. A maioria dos truques não estimulam nada do que um elefante é capaz de fazer no seu habitat natural. É muito artificial para um elefante ficar de pé nas suas patas traseiras, e pode prejudicar sua forma física, especialmente quando o organismo está crescendo ou ele já está velho. Os truques são ensinados através de treinamento de dominância. É muito mais rápido e fácil treinar um elefante a fazer algo que ele não quer fazer, dessa maneira.
“Bullhooks” (ankus) são uma extensão artificial do braço de um treinador de circo. Um bastão de madeira ou metal com um gancho na extremidade, esse objeto é considerado uma “guia”, para ajudar a mostrar ao elefante o que ele precisa fazer. Infelizmente, elefantes de circo são cobertos de cicatrizes resultantes do uso do bullhook. A ponta do gancho é usada nas partes mais sensíveis do corpo do elefante, causando grande impacto nas orelhas, perto dos olhos, nas axilas e no reto.
A extremidade da vara é usada para bater e é usada em qualquer parte do corpo, mas mais frequentemente nas pernas e na cabeça. “Hotshots” (aparelhos elétricos de descarga) também são usados por alguns treinadores e já foram até usados no reto de um elefante. Mesmo quando os comportamentos e truques são aprendidos, o abuso continua, mantendo o elefante num estado constante de medo, mostrando a eles quem manda. Quando os elefantes são filhotes, esses truques são ensinados usando cordas para levantar as pernas dianteiras, forçando-os a se deitar e controlar a tromba.
O Santuário de Elefantes Brasil (SEB) é uma organização sem fins lucrativos que ajuda a transformar as vidas e o futuro dos elefantes cativos da América do Sul, devolvendo a eles a liberdade de poder ser quem querem e merecem ser – elefantes.
OS EFEITOS DE CONTATO SOCIAL LIMITADO
Elefantes em cativeiro vivem com pouco contato social com sua espécie (alguns elefantes vivem sozinhos e não têm nenhum contato social), e num ambiente que os priva do que iriam viver em seu habitat natural em termos de input sensorial e processamento cognitivo. Eles são seres inteligentes que iriam passar o dia resolvendo problemas como um meio de sobrevivência, mas são reduzidos a ficar de pé a maior parte do dia sem fazer nada. Para compensar esse baixo nível de estímulo, os elefantes se envolvem em ações estereotipadas, repetitivas e compulsivas, como o balanço repetitivo da cabeça, dar pequenos passos, esfregar-se e outros comportamentos que são auto-estimuladores, e são um sintoma de tédio na maioria das espécies. Comportamentos estereotipados têm um elemento obsessivo compulsivo, aditivo, que envolve a produção de opióides naturais para aliviar o estresse e a frustração do confinamento. O balanço varia de um movimento suave para frente e para trás, mas pode progredir para um processo de passos diferentes, levantando uma pata, tocando algo e depois retornando para a posição original. Comportamentos estereotipados às vezes levam a uma automutilação, quando os elefantes se esfregam e se arranham a ponto de se machucar. Essa estereotipação pode melhorar se as situações melhoram e se houver estímulo adicional, mas é difícil para esse comportamento cessar completamente quando se tornar um hábito.
> “Elefantes em cativeiro vivem com pouco contato social normal com seus pares (alguns elefantes são mantidos sozinhos e não têm nenhum contato social), e num ambiente que os priva do que eles iriam vivenciar no seu habitat natural em termos de input sensorial e processamento cognitivo.”