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Mente e Movimento – Capítulo III

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    Mente e Movimento – Capítulo III

    By seb | ciência | 1 comment | 8 dezembro, 2013 | 0

    <– Leia o Capítulo II

    Por Joyce Poole e Petter Granli

    Desafios mentais e físicos na vida diária de um elefante selvagem

    As atividades experimentadas por um elefante selvagem dão motivação a uma mente ativa e mantêm o corpo vigoroso em boa condição física. Não importa qual seja o cenário – procura por alimentos, defesa, socialização ou reprodução –, a vida diária de um elefante se distingue por necessidade, propósito, desafio, escolha, vontade, autonomia e camaradagem. O aprendizado social também é visto em vários aspectos da vida diária de um elefante selvagem e é um componente vital da atividade mental. Esses elementos, tão necessários na vida de elefantes selvagens, atualmente estão completamente ausentes no cativeiro.

    Procura por alimentos

    Elefantes continuam crescendo durante toda a sua vida, devido à fusão epifisária atrasada dos ossos longos (Haynes, 1991). Por causa de seu enorme tamanho, vida reprodutora de extremo gasto energético e falta de um sistema digestivo especializado, elefantes precisam consumir uma vasta quantidade de comida, e a procura por alimento ocupa a maior parte dos movimentos diários de um elefante. Um adulto consome diariamente de 150 a 450kg de alimento, ou quatro ou cinco por cento do seu peso corporal, e bebe de 100 a 160 litros de água. Para realizar esse consumo, elefantes precisam gastar quase 3/4 de 24 horas procurando alimento (Wyatt & Eltringham, 1974; Lindsay, 1994).

    Uma procura por alimento efetiva é realizada através de movimentos constantes, grandes e pequenos, que envolvem a ação coordenada das patas, das presas e da tromba, que, usada com habilidade, seleciona itens individuais de frutas, puxa tufos de grama, extrai palmito, achata os duros espinhos de um galho de acácia, ou descasca troncos de árvores. Um perambular lento leva o elefante de um item alimentar a outro. Propositadamente, o caminhar de um elefante o leva a uma variedade de habitats diariamente e a migrações sazonais. A atividade física e o estímulo mental envolvidos na busca por alimento (caminhar, alcançar e cheirar com a tromba), sua manipulação (cavar, chutar, estabilizar com as patas; bisbilhotar, alavancar e quebrar com as presas; puxar, rasgar, quebrar, desfolhar, limpar com a tromba), sua ingestão (tromba e língua) e mastigação constituem o núcleo mais importante do interesse e da sobrevivência de um elefante. Muitas das técnicas usadas por elefantes selvagens para localizar, selecionar e extrair comida precisam ser aprendidas, ou por experiência ou por observação de outros, e o aprendizado social tem uma função decisiva para o filhote poder adquirir o conhecimento necessário de como procurar e manipular comida (Lee & Moss, 1999; Figura 3).

    A falta de espaço em zoológicos e circos não permite aos elefantes procurar por alimentos, manipular uma vasta variedade deles, selecioná-los, aprender sobre eles, desprovendo-os, assim, da atividade física e do estímulo mental necessários. Alguns zoológicos introduziram a prática de enriquecer o ambiente espalhando comida (Kinzley, 2006) e, mesmo sendo um avanço no cuidado de elefantes cativos, isto consome muito tempo e requer uma equipe de funcionários dedicada.

    Uma complexa rede de relacionamentos no tempo e no espaço

    Elefantes selvagens vivem numa sociedade complexa de cisão e fusão notável, tanto por sua fluidez como também pelos relacionamentos próximos e duradouros. O relacionamento dos elefantes tem início no vínculo mãe-filho e se irradia para a família, vínculo de grupo, clã, subpopulação, machos adultos independentes e até mesmo para além da população a estranhos (Moss, 1988; Payne, 2003; Poole & Moss, 2008). Nessa arena social, a vida de machos e fêmeas adultas difere radicalmente (Poole, 1994). Uma teia intrincada de vínculos entre indivíduos e famílias caracteriza a vida das fêmeas e seus filhotes, enquanto estados sexuais oscilantes distinguem as atividades dinâmicas, associações e relacionamentos de machos adultos (Moss & Poole, 1983, veja Caixas 1 & 2; Figura 4). Os relacionamentos sociais dos elefantes são particularmente complexos porque indivíduos interagem com muitos animais de diferentes unidades sociais em meio a uma população, e parceiros sociais cooperativos podem nem sempre estar juntos num mesmo grupo. Membros de uma mesma família estão frequentemente separados por quilômetros, e uma boa parte da atividade diária de uma família pode estar focada em se aproximar de companheiros de laços próximos ou em evitar certos indivíduos. Este comportamento de atração e evasão é demonstrado claramente pelos padrões de rastreamento simultâneo de indivíduos por coleiras com rádio (Charif, Ramey, Langbauer, Payne et al., 2005; Douglas-Hamilton, Krink & Volrath 2006).

    mente e movimento - elefante africano

    Fig. 3. Filhotes de elefantes aprendem o que comer pegando amostras das bocas de seus familiares. (Foto: Petter Granli)

    A combinação de qualidades sociais observadas nos elefantes – relacionamentos cooperativos próximos e duradouros, sociabilidade de fissão-fusão – existe apenas em um pequeno número de carnívoros que caçam cooperativamente (ex.: hienas, leões e cachalotes) e alguns primatas (ex.: chimpanzés e humanos: Archie, Moss & Alberts, 2006). A hipótese de complexidade social sugere que a inteligência evoluiu para que indivíduos pudessem arcar com mudanças difíceis de prever no comportamento de parceiros com os quais devem cooperar e competir. E, assim, como outras espécies que vivem em sociedades de fissão-fusão (humanos, chimpanzés, carnívoros sociais, baleias), elefantes são reconhecidos por sua inteligência e habilidade de raciocínio (Poole & Moss, 2008).

    Ainda que a população de elefantes de Amboseli seja relativamente pequena (1.500 elefantes, no fim de 2006) comparada a várias outras, ela é, contudo, uma sociedade grande. Uma fêmea de Amboseli pode, ao longo do dia, procurar a companhia ou/e propositadamente evitar centenas de outros indivíduos (Poole & Moss, 2008; ver Lee & Moss, Figua 7, Capítulo 2). Ao procurar por fêmeas receptivas, um macho sexualmente ativo pode também interagir com centenas de diferentes indivíduos – machos e fêmeas – ao longo de 24 horas (Poole & Moss, 1989). O número absoluto de elefantes envolvidos na teia social de um indivíduo e o caráter hierárquico na formação e dissolução de agregações fazem do elefante um ser notável. Os elefantes têm a habilidade de distinguir estranhos dentre um grande número de associados familiares, através do reconhecimento da voz (McComb, Moss, Durant, Sayialel & Baker, 2000) e do cheiro (Rasmussen & Krishnamurthy, 2000). Isso pode ser explicado pelos lóbulos temporais extremamente grandes e convolutos de seu cérebro (Shoshani, 1998; Shoshani et al., 2006).

    Aprendendo com outros

    Aprendizado social e inovação comportamental são elementos essenciais no desenvolvimento de um indivíduo e são a matéria-prima da sociedade, da cultura e da tradição dos elefantes (Lee & Moss, 1999; Poole & Moss, 2008). Por exemplo, o aprendizado social obtido através do cuidado de filhotes por fêmeas juvenis proporciona a elas um leque de habilidades e conhecimentos de como cuidar de um filhote. Futuramente, elas usarão esse conhecimento para tomar conta de sua própria prole (Lee, 1987; Lee & Moss, 1999). Saber distinguir quem é amigo ou inimigo, onde encontrar água durante as secas e itens específicos de alimentos e minerais são conhecimentos transmitidos de mãe para filha (McComb, Moss, Durant, Sayialel et al., 2001; Payne, 2003).

    Um comportamento adequado no cio e no acasalamento também requer um aprendizado social para as fêmeas (Poole & Moss, 2008). Tanto o comportamento durante o cio como a escolha de parceiros parecem ser facilitados pela presença e pelo comportamento das mães dessas fêmeas jovens (Poole & Moss, 2008). O nascimento de um primeiro filhote é um evento de vida em que a presença e o comportamento de fêmeas experientes vem socorrer e ajudar fêmeas inexperientes. Membros experientes da família dão assistência às femeas jovens durante o parto, ajudam o recém-nascido a ficar de pé e são responsáveis pela socialização e pela proteção imediata do filhote recém-nascido (Moss, 1998; Lee & Moss, 1999). A interação com outros elefantes e a transmissão de conhecimento social e ecológico são a chave da sobrevivência do elefante, e o estímulo proporcionado por tais relações, nós acreditamos, se faz necessário para um elefante se desenvolver.

    mente e movimento - família de elefantes

    Figura 4. Uma intrincada rede de relacionamentos entre indivíduos e famílias caracteriza as vidas das fêmeas e de seus descendentes. (Foto: Petter Granli)

    O zoo tradicional não oferece o espaço necessário que permita aos elefantes uma vida familiar natural, nem lhes dá a opção de escolher associados de outros grupos familiares, clãs ou populações, e também não lhes dá a oportunidade de aprender habilidades de sobrevivência através da experiência de outros. Ao privar os elefantes de um espaço adequado, zoos não só restringem sua habilidade de obter exercício adequado e essencial como também retiram uma enorme fonte de estímulo mental necessário para o bem-estar básico de um indivíduo altamente social e inteligente.

    A procura por parceiros

    O comportamento reprodutivo é um componente essencial na vida diária de qualquer animal. Nos elefantes, a reprodução envolve atividades mentais e físicas altamente energéticas. Sinais acústicos e químicos intrincados e uma memória afiada são utilizados para localizar rivais e parceiros em áreas extensas (Poole, 1989a; Poole & Moss, 1989; Poole, 1999). Cortejar, acasalar, competir (entre machos) e escolher fêmeas são comportamentos de intensa interatividade, alternadamente sutis e exagerados. Os espaços confinados oferecidos por zoos e circos não permitem que inúmeros machos e fêmeas pratiquem o ato natural de se misturar, tendo, assim, uma enorme influência no propósito, na escolha, na autonomia e na vontade de um elefante.

    Aos 30 anos, a maioria dos machos vivencia o mais elevado período de atividades agressivas e sexuais: o cio (Poole & Moss, 1981; Hall-Martin & Van der Wilt, 1984). Caracterizado por uma postura distinta, rígida, com a cabeça elevada, glândulas temporais inchadas e com secreção, gotejamento de urina de forte odor (Poole & Moss, 1981; Poole, 1987) e vocalizações distintas (Poole, 1987, 1999; Poole et al., 1988), os machos no cio experimentam impressionantes surtos da testosterona que circula no seu organismo (Hal-Martin & Van der Walt, 1984; Poole, Kasman, Ramsay & Lasley, 1984). Com a chegada do cio, o comportamento de um macho passa por uma transformação psicológica contundente. Um macho no cio passa a maior parte de seu tempo interagindo agressivamente com outros machos adultos ou procurando entusiasticamente por fêmeas receptivas, tentando acessar ou vigiar aquelas no auge do cio (Moss, 1983; Poole, 1989 a, b; Poole & Moss, 1989: Figura 5). Altamente ativo, um macho no cio pode perseguir outro macho ou procurar por uma parceira por vários quilômetros em poucas horas. O cio tem um papel crucial no status de dominância entre machos (Poole, 1989a). Com algumas exceções, machos pequenos ou grandes no cio têm um posto mais elevado do que machos que não se encontram no cio. A duração do cio depende da idade do macho e também pode ser influenciada pela opressão de machos de um nível hierárquico superior (Poole, 1989a). Numa população desprovida de indivíduos mais velhos (Slotow, van Dyke, Poole, Page et al., 2000), ou em cativeiro (Jainudeen, McKay & Eisenberg, 1972), o cio começa numa idade menor e tem uma duração maior.

    Assim como as fêmeas jovens, machos jovens se beneficiam do aprendizado social e frequentemente são observados seguindo os machos mais velhos no cio, testando os mesmos locais de urina e as mesmas fêmeas, como fazem os machos mais velhos (Poole & Moss, 2008). Os machos mais velhos, no cio, são extremamente tolerantes com esses jovens, permitindo-lhes ficar a menos de um metro de uma fêmea em estro, enquanto se preocupam em não deixar outros machos adultos se aproximarem (Poole, 1982). O sucesso da cópula requer habilidade e prática consideráveis que, em parte, podem ser obtidas pela observação de como os machos mais velhos e experientes se comportam. Experiência provinda do sul da África também destaca a importância do aprendizado social na aquisição de um comportamento apropriado dos machos, no que tange à reprodução (Slotow et al., 2000). Machos juvenis que testemunharam a matança de suas famílias em procedimentos seletivos de abate e depois transferidos para áreas desprovidas de machos adultos exibiram comportamentos reprodutivos anormais quando jovens, como montar, enfiar as presas e matar rinocerontes negros. Embora o trauma seja a provável causa do desenvolvimento desse comportamento anormal (Bradshaw, Schore, Brown, Poole & Moss, 2005), é provável também que a ausência de modelos masculinos adultos tenha contribuído para a reação sexual inapropriada desses machos jovens. Esse comportamento deixa de existir depois da introdução de machos mais velhos (Slotow et al., 2000).

    Quadro 1. Famílias e Grupos Vinculados

    Os relacionamentos sociais próximos e duradouros criados por elefantes fêmeas são extraordinários, dentro do contexto de seu flexivel sistema social (Archie et al., 2006). Famílias de elefantes são compostas por grupos previsíveis e discretos de parentes, mas, ao longo de horas ou dias, esses grupos podem temporariamente se separar ou se reunir, ou podem se juntar a outros grupos, formando grupos sociais maiores ou agregações. Tais agrupamentos podem ser estabelecidos por laços sociais e genéticos, área territorial e estação do ano (Douglas-Hamilton, 1972; Moss & Poole, 1983; Sukumar, 2003; Wittemyer, Douglas-Hamilton & Getz, 2005; Archie et al., 2006; Moss & Lee, em jornais). Tipo de habitat, estação do ano, grau de parentesco, traços de personalidade, tradição, morte de indivíduos influentes e a força da liderança matriarcal atuam na coesão das famílias (Moss & Lee, na imprensa). Em geral, as famílias de elefantes são menores em habitats de florestas e são maiores em habitats mistos de savana (Sukumar, 2003). Ao longo dos anos, famílias podem se separar para formar grupos vinculados (Douglas-Hamilton, 1972; Moss & Poole, 1983; Wittemyer, Douglas-Hamilton & Getz, 2005) ou, algumas vezes, se fundir para formar novas famílias (Moss & Lee, na imprensa). Relações próximas entre indivíduos podem ser distinguidas por padrões de associação, conduta de cumprimento, movimentos coordenados e tomada de decisões, além de comportamento de forte afiliação, cooperação e defesa (Douglas-Hamilton, 1972; Dublin, 1983; Moss & Poole, 1983; Lee, 1987; Moss, 1998; Poole, 1998; Payne, 2003). Mesmo indivíduos que não têm relacionamentos próximos dentro de sua família se beneficiam do comportamento cooperativo presente entre elefantes (Archie et al., 2006).

    Quadro 2. A sociedade masculina

    A vida social de um elefante selvagem macho é física e mentalmente desafiadora. Crescendo numa sociedade de vínculo feminino coeso, machos jovens mantêm um relacionamento próximo com seus parentes e participam de eventos sociais que afetam sua família, embora com menor intensidade do que suas companheiras fêmeas de mesma idade (Lee & Moss, 1999; Poole & Moss, na imprensa). Aos nove anos, machos começam a passar mais tempo longe de suas famílias e, aos 14, eles habitualmente partem (Lee & Moss, 1999). Machos recém independentes precisam adquirir habilidades novas para poderem se adaptar à sociedade dos machos em que tamanho corporal e estados sexuais oscilantes determinam interações e relacionamentos (Poole, 1989a). Durante a transição, as atividades sociais de machos jovens têm como ponto principal conhecer parceiros de idades semelhantes e fazer amizades fora do seu círculo familiar (Lee, 1986; Lee et al, na imprensa). Desta forma, machos reúnem informações cruciais para seu sucesso, em termos de reprodução e longevidade (Poole, 1989a, 1989b; Poole, Lee & Moss, na imprensa; Lee, Poole & Moss, na imprensa). Entre adultos sexualmente inativos, relacionamentos são corteses, enquanto as interações entre aqueles sexualmente ativos, particularmente entre aqueles no período de cio, se tornam altamente agressivas (Poole, 1987, 1989a). O sucesso reprodutivo dos machos depende fortemente de sua longevidade. Machos mais velhos e maiores, no cio, são dominantes e produzem significativamente mais descendentes (Poole, 1989 a & b; Hollister-Smith, Poole, Archie, Vance et al., na imprensa). O auge da idade reprodutora é entre 45-50 anos. Para um macho sobreviver até a idade de sucesso reprodutivo, ele precisa se utilizar dos conhecimentos que aprendeu e aperfeiçoou durante décadas. Um macho precisa aprender a reconhecer o cheiro, a aparência e a voz de uma grande quantidade de indivíduos; lembrar-se da força de cada indivíduo, comparada com a sua; saber quais indivíduos estão no cio, onde estão e em que condições se encontram; e monitorar a localização, que varia muito, das fêmeas em pré-cio e no cio.

    Comunicação

    A natureza flexível da sociedade dos elefantes, na qual indivíduos intimamente ligados podem estar a quilômetros de distancia, requer que os elefantes possuam um sistema de comunicação que combine uma sinalização multifacetada de curta-longa distância. Uma combinação de posturas de tromba, orelhas, membros, posturas corporais e movimentos sinaliza uma ampla gama de gestos agonísticos, defensivos e afiliativos e respostas emocionais complexas (Kahl & Armstrong, 2000; Poole & Granli, 2003; Poole & Granli, 2004). Sinais químicos, incluindo saliva, secreção mucosa dos olhos, fluidos dos tratos anogenitais, glândulas temporais, ouvidos e glândulas interdigitais desempenham um papel essencial na comunicação social e reprodutiva dos elefantes (Rasmussen, Hall-Martin & Hess, 1996; Rasmussen & Schmidt, 1998; Rasmussen & Krishnamurthy, 2000; Rasmussen& Wittemyer, 2002). A comunicação acústica inclui uma ampla variedade de sons com componentes que vão de 5Hz a mais de 9.000Hz (Poole, na imprensa). Chamados incluem ruídos de baixíssima e alta frequências, como trombetear, berrar, bufar, rugir, urrar, latir, gorgear, grasnar e outros sons idiossincráticos (Africano: Berg, 1983; Poole et al., 1988; Poole, 1994; Langbauer, 2000; Leong, Ortolani, Burks, Mellen et al., 2003; Soltis, Leong & Savage, 2005a, b; Polle, na imprensa; Asiático: McKay, 1973). Elefantes usam esses sinais acústicos para passar mensagens agonísticas, defensivas, afiliativas, protetoras, reprodutoras, logísticas e sociais (Poole, na imprensa). Elefantes utilizam poderosos sons de baixíssima frequência para coordenar suas movimentações (Payne, Langbauer & omas, 1986; Poole et al., 1988; Langbauer, Payne, Charif, Rapaport et al., 1991; Garstang, Larom, Raspet & Lindeque, 1995; Larom, Garstang, Payne, Raspet et al., 1997; McComb et al., 2000). Através de tais sinais acústicos, eles podem reconhecer as vozes individuais de outros elefantes a uma distância de mais de 1,5km (McComb, Reby, Baker, Moss et al., 2002) e podem detectar a localização de conspecíficos numa área de 300 km2, dependendo das condições atmosféricas (Larom et al., 1997). Quando um elefante vocaliza com ribombos de baixa frequência, uma réplica exata desse sinal se propaga separadamente através do solo. Elefantes respondem apropriadamente a esse sinal (O’Connell et all., 1998; O’Connell-Rodwell, Wood, Rodwell et al., 2006). Elefantes são capazes de aprender a vocalizar através da imitação, e esse raro talento pode ter sido desenvolvido para facilitar vínculos sociais e coesão numa dinâmica sociedade de fissão-fusão (Poole, Tyack, Stoeger-Horwath & Watwood, 2005). O aprendizado social, tão fundamental no desenvolvimento dos elefantes, desempenha um papel adicional na aquisição acústica (Wemmer, Mishra & Dinerstein, 1985). O rico sistema de comunicação que observamos nos elefantes existentes deve provavelmente ter evoluído com o aumento da sociabilidade e do tamanho do cérebro (Shoshani et al., 2006). Versátil e intrincada, a comunicação de longa-curta distância dos elefantes é mais um indicador de sua adaptação a um ambiente social rico e de um complexo uso do espaço.

    –> Leia o Capítulo IV

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    O SEB

    O Santuário de Elefantes Brasil (SEB) é uma organização sem fins lucrativos que ajuda a transformar as vidas e o futuro dos elefantes cativos da América do Sul, devolvendo a eles a liberdade de poder ser quem querem e merecem ser – elefantes.

     

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    Santuário de Elefantes Brasil

    elefantesbrasil

    Com base no que temos observado durante as refeiç Com base no que temos observado durante as refeições de Pupy e Kenya, imaginamos que elas não teriam grandes problemas em “compartilhar” a comida da vizinha — algo que Guille e Maia já fizeram no passado. Mas, como ainda estão na fase de se conhecer melhor, estamos colocando as porções de alimento a uma distância confortável, para que cada uma possa se concentrar em seu próprio lanche e se sentir segura enquanto come.

Nesta manhã, durante o café, Pupy estava no Recinto 2 e Kenya no Recinto 1. A energia de Pupy estava calma e tranquila, e ela parecia à vontade para fazer sua refeição próxima de Kenya. As duas se acomodaram no Recinto 1, enquanto os tratadores faziam a limpeza diária nos recintos vizinhos. As elefantas se posicionaram lado a lado junto à cerca, entusiasmadas com a chegada dos tratadores trazendo guloseimas.

Pupy costuma comer de forma calma e delicada, enquanto Kenya é um pouco mais apressada. Hoje, Kenya parecia de olho na pilha de comida de Pupy. Pegou um punhado de alfafa e foi se aproximando devagar, talvez pensando em experimentar um pouco do grão da companheira. Pupy, por sua vez, pegou uma trombada rápida de comida e pareceu cogitar se afastar, dando alguns passinhos. Os tratadores a encorajaram, e ela decidiu permanecer onde estava.

Depois de um momento, Kenya se virou e foi em direção ao bebedouro, talvez para tomar um gole d’água e encerrar o café da manhã. Isso pareceu deixar Pupy mais à vontade, e ela terminou suas últimas mordidas com calma. Tudo permaneceu tranquilo, sem reações fortes de nenhuma das duas — mas continuaremos observando, enquanto elas seguem aprendendo sobre o comportamento e o jeito uma da outra.

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    Sabíamos que estávamos chegando ao fim da estaç Sabíamos que estávamos chegando ao fim da estação seca, mas tivemos uma agradável surpresa com uma forte tempestade nesta semana — a estação chuvosa começou oficialmente! Antes da chuva cair, uma das tratadoras notou Kenya cheirando o ar, com a tromba erguida na direção da tempestade, como um snorkel. Depois de um minuto, ela entrou na vegetação. Não sabemos se já viveu algo assim antes: em Mendoza chove cerca de 25 cm por ano, enquanto aqui na região do santuário a média é de quase 200 cm. É natural que ela estivesse curiosa.

Nos dias de chuva, as elefantes asiáticas ficam muito brincalhonas, cobertas de lama ou se divertindo no lago — e as africanas parecem reagir da mesma forma. Kenya, por exemplo, começou a se agitar entre as árvores; víamos o topo balançando até ouvir um estalo alto, e ela surgiu dos arbustos parecendo bem satisfeita consigo mesma. Enquanto isso, Pupy aproveitou para brincar no poço de lama que criou perto do bebedouro, agora ainda mais divertido com a chuva.

As duas jantaram juntas no Recinto 1, lado a lado. Pupy continua se aproximando de lado, virando o corpo de forma cautelosa — um comportamento típico de quem ainda está se protegendo. Kenya nunca se mostrou agressiva, mas o passado de Pupy com Kuky e Mara pode influenciar sua forma de se relacionar. Ambas parecem estar curtindo o tempo juntas e sozinhas, se afastando e voltando a se encontrar com roncos suaves e tranquilidade.

P.S.: Com as chuvas frequentes, a pele de Kenya começará a se recuperar. A chuva hidrata melhor do que qualquer banho, penetrando profundamente. As camadas ressecadas vão começar a se soltar e, em poucas semanas, já será possível notar a diferença — embora o processo completo leve meses.

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    Se você está procurando um Sorriso de Domingo ne Se você está procurando um Sorriso de Domingo nesta semana, ele vem na forma de uma Mara com expressão de contentamento. Entramos na primavera, já perto do fim da estação seca, então há muitas folhas marrons misturadas às verdes. Mas, não importa a época, sempre há algo florescendo. Nas últimas semanas, essas lindas flores roxas (que acreditamos ser de um ipê-roxo) começaram a aparecer por toda parte. Mara é o modelo perfeito para exibir as cores do santuário neste dia. 🌸🐘

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    É o Dia Mundial dos Animais e, embora nosso foco É o Dia Mundial dos Animais e, embora nosso foco principal sejam os elefantes, hoje queremos destacar o trabalho incrível que nossa equipe realiza no cuidado de animais nativos. Temos um programa de reabilitação e soltura que atende à fauna da região que precisa de cuidados médicos – ou apenas de um pouco de acolhimento até que estejam fortes ou saudáveis o suficiente para viver por conta própria. Esse programa não estava em nossos planos iniciais, mas ao chegarmos aqui percebemos que havia uma necessidade não atendida. Os elefantes sempre serão o coração do que fazemos, mas garantir que a vida selvagem local permaneça saudável é essencial para que o santuário prospere. Somos gratos por fazer parte deste ecossistema extraordinário e acreditamos que temos a responsabilidade de proteger o mundo natural ao nosso redor.

O Cerrado brasileiro abriga uma impressionante variedade de espécies, algumas ameaçadas de extinção – como as muitas antas que circulam pela propriedade. Antas, tucanos, araras, veados, jabutis, tamanduás, corujas, uma harpia e até uma águia-coroada criticamente ameaçada já encontraram um lar temporário no Santuário de Elefantes Brasil. Estamos constantemente aprimorando nossas instalações e criamos um sistema que permite que os animais passem de espaços menores e seguros para recintos maiores, à medida que se recuperam e se tornam mais independentes. Mais recentemente, conseguimos reabilitar e soltar alguns tamanduás-mirins, que se reintegraram com sucesso à floresta.

Temos tido ótimos resultados até agora, mas precisamos de mais espaço para acolher a fauna que chega em busca de cuidados. O SEB conta com uma equipe experiente e um plano integrado que inclui atendimento veterinário completo, pesquisa ambiental e monitoramento das diversas espécies da região. Kat tem treinamento especializado em técnicas de reabilitação, e nossa equipe de veterinários e biólogos garante que cada animal receba a atenção necessária durante sua recuperação. Nossa filosofia é manter os animais o mais selvagens possível, para que não fiquem dependentes ou excessivamente habituados aos humanos.

Seu apoio é fundamental!
    Aqueles que acompanham os EleFacts sabem que os el Aqueles que acompanham os EleFacts sabem que os elefantes são considerados uma “espécie-chave”, ou seja, são essenciais para a sobrevivência de muitas plantas e animais em seu ecossistema. No santuário, já observamos que partes de árvores derrubadas crescem mais rápido do que o esperado, pois as árvores espalham sementes quando caem e os elefantes também as dispersam ao defecar. Além disso, o espaço aberto por eles permite a entrada de luz, que nutre plantas e animais menores. Os elefantes ajudam vastas áreas a florescerem – áreas que correm cada vez mais perigo à medida que sua população diminui.

Um estudo publicado recentemente na revista Science Advances propõe que os elefantes africanos e as árvores de ébano têm uma relação de impacto mútuo e benéfico. Os elefantes florestais acham os frutos do ébano especialmente saborosos e, ao se alimentarem deles, espalham uma grande quantidade de sementes através de suas fezes, distribuindo-as conforme se deslocam. Esse processo desempenha um papel fundamental no sucesso das árvores de ébano, que são frequentemente superexploradas para uso humano – o que torna qualquer forma de dispersão de sementes ainda mais importante.

Como o número de elefantes africanos continua a cair, essa conexão vital ameaça também as árvores de ébano, algo evidenciado pela queda de 68% nas amostras de sementes coletadas na área estudada ao longo de alguns anos. A diminuição dessas árvores também reduz a quantidade de carbono absorvido das áreas florestais. Se as árvores de ébano estiverem em risco, isso terá um grande impacto no clima em toda a região onde os elefantes vivem. Além disso, plantas e animais menores terão mais dificuldade para sobreviver devido ao aumento da cobertura das árvores (o que significa menos entrada de luz solar). Isso reforça ainda mais o fato de que os elefantes têm um alcance muito maior do que se imagina, impactando amplamente todo o ecossistema.
    AUMENTE O VOLUME! Rana e Mara geralmente recebem t AUMENTE O VOLUME! Rana e Mara geralmente recebem tratamentos em dias alternados, na maioria das vezes após o café da manhã. Às vezes, elas entram juntas no galpão ou uma fica por perto enquanto a outra realiza a sessão. Neste dia, Mara estava no Recinto 1, próximo ao galpão, enquanto Rana recebia seu banho de patas, mas ela não ficou quieta por muito tempo.

Mara estava entrando no lamaçal e você pode ver que suas patas estavam molhadas quase até os joelhos. Enquanto espirrava, ouvimos uma trombeta e vimos Mara se dirigindo rapidamente para Rana, vocalizando e andando em um ritmo bem rápido para uma “vovó” como ela. Claro que tratamentos como o que Rana estava recebendo não eram urgentes, e poderíamos retomá-los mais tarde, especialmente porque ela já havia terminado o banho de patas. Em vez disso, parecia melhor dar um tempo para as duas ficarem juntas, celebrando sua relação, já que havia tanta excitação no ar. Nesses momentos, Rana quer se juntar à irmã e comemorar o que quer que elas sintam ser especial, então damos essa oportunidade a ela.

As duas elefantas se acalmaram um pouco quando Scott se aproximou. Obviamente, os tratadores não conseguiram registrar os primeiros momentos da corrida de Mara em direção a Rana, pois estavam concentrados em trabalhar com Rana, mas os minutos seguintes ainda são muito alegres de se assistir.

P.S.: Você pode notar que Rana tem uma área medicada na lateral da pata dianteira direita. Ela possui uma úlcera de pressão com mais de uma década, provavelmente causada por deitar sobre superfícies duras ou por uma antiga ferida de gancho que se transformou em úlcera de pressão. Notamos isso antes dela chegar ao santuário, e o veterinário disse que nunca havia sido tratada. Mesmo agora, a ferida não cicatrizou completamente, mas para prevenir infecções, ela é medicada regularmente. A úlcera diminuiu desde que ela chegou, e há uma empresa nos EUA que produz e ajusta uma pomada específica para ela. Mas, ao lidar com uma ferida de décadas, especialmente uma úlcera de pressão, nem sempre é possível uma recuperação total.
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